Você conhece a BMW I8?! Não? Então leia esse artigo da Quatro Rodas:
O modelo mais exótico que a BMW já produziu dá sentido ao apelido que os brasileiros atribuem aos carrões: o híbrido i8 é uma nave
O i8 é um carro que parece sair da fábrica seminovo. Por três dias, eu fui seu segundo dono – o primeiro foi Bruce Wayne. Sei disso porque foram quatro as vezes que ouvi um “nossa, parece o carro do Batman”. A verdade é que não comprei dele, nem um zero-quilômetro, pois o esportivo custa R$ 799.000. Porém, talvez esse valor seja compatível, considerando que se trata de um automóvel digno do super-herói bilionário. Também vou resistir em adjetivá-lo como um carro “futurista”. A aparência galáctica é a que melhor justifica outro apelido comum que as pessoas dão a carrões: “nave”.
Em meio ao trânsito terráqueo, os humanos sucumbem aos seus superpoderes: o i8 hipnotiza olhares, torce pescoços, provoca comentários de espanto e aciona involuntariamente nosso “músculo” favorito – a câmera de smartphones. Na pista de testes, descobrimos uma habilidade sobrenatural para um híbrido de 1,5 tonelada equipado com um motor 1.5 de três cilindros: ele rasgou o asfalto, cravando 4,6 segundos no 0 a 100 km/h.
Não se engane pela aparência franzina. Esse pequeno 1,5 litro tem a força de um Jedi: gera 234 cv sem beber poções secretas, só gasolina. A receita está na preparação: turbo, injeção direta, comando variável de válvulas e taxa de compressão elevada. Mas ele não trabalha sozinho. Faz dupla com um propulsor elétrico de 266 kW – o equivalente a 131 cv (no total, são 365 cv e 58,1 mkgf). Enquanto o motor a combustão atua no eixo traseiro, o elétrico comanda o da frente. Quando o motorista seleciona o modo Sport, no painel, as quatro rodas são tracionadas com o máximo de potência possível.
Além disso, o 1.5 ressona quase como um V8 – fruto de um truque acústico para enfeitiçar os sentidos. O som de big block vem de alto-falantes escondidos no assoalho da cabine. A estratégia do som de mentira não é inédita – outras marcas também a utilizam. No BMW, o Active Sound Design reproduz sons pré-gravados cuja frequência muda conforme a rotação do motor a combustão aumenta. E acredite: é contagiante e muito convincente.
Já o modo de direção EcoPro é um programa eletrônico que faz o i8 rodar com economia. Faz uso dos motores combinados, antecipa trocas de marcha e aumenta a progressividade da aceleração. Até o ar-condicionado trabalha com menos pressão.
O resultado? Fizemos 24,2 km/l no ciclo urbano. E 31,7 km/l em regime rodoviário. Mesmo no modo Sport as marcas foram notáveis: 12,5 e 16,4 km/l, na cidade e estrada. Um senão é a autonomia quando o i8 trabalha só com a energia das baterias. Sem gasolina, roda-se no máximo 37 km, segundo a fábrica, considerando os acumuladores totalmente carregados. Na prática, porém, pegando trânsito, não chegamos aos 30 km.
A vantagem é que em menos de três horas conectado à tomada, o i8 já garante autonomia para voltar para casa em eDrive (o modo 100% elétrico). Aliás, não é necessária nenhuma adaptação na rede – basta uma tomada residencial de 110 ou 220 V. O tanque de combustível também parece desanimador – só comporta 30 litros de gasolina. Mas a autonomia desse híbrido supera os 950 km.
Por fora, o design conceitual lança mão de materiais sofisticados, como plásticos de alta resistência e superleves, fibra de carbono e alumínio. As portas, do tipo tesoura, abrem-se para cima e fazem do ato de entrar no carro um movimento complicado. Acessar o assento traseiro é difícil. E nem sonhe em carregar grandes volumes. Um diminuto bagageiro acessado pela tampa do motor a combustão comporta meros 154 litros.
E todas as formas têm função. Sem radiador frontal, o duplo rim da BMW é fechado, o que favorece a aerodinâmica. Os traços na lateral direcionam o fluxo de ar na direção da traseira, terminando na parte superior das lanternas vazadas.
O painel, apesar de ser encantador, não surpreende como o visual da carroceria. Os comandos são praticamente idênticos ao de qualquer BMW. A tela do multimídia iDrive não é sensível ao toque, comandada por um seletor no console. Mas o quadro de instrumentos utiliza uma tela de alta resolução que exibe os dados de consumo, regeneração de energia e relógios digitais.
Ao volante, o i8 não requer treinamento na Nasa, nem domínio da língua klingon – o ato de dirigir é igual ao de carros comuns da Terra. No entanto, o BMW não se deu bem com nosso asfalto lunar: é incompatível com valetas e asfalto ruim.
Não há rivais para o híbrido no país, mas ele faz frente a Audi R8, AMG GT e Porsche 911. É até mais exclusivo: só 12 foram vendidos por aqui.
AVALIAÇÃO DO EDITOR
Motor e Câmbio – O trabalho combinado dos motores é feito sem trancos. Quase não se sente as trocas de marcha.
Dirigibilidade – Gostoso de guiar em pisos lisos. Mas dá trabalho em terrenos irregulares.
Segurança – Tem sistema de frenagem automática e alerta de colisão.
Seu bolso – O preço proibitivo é o custo de tanta exclusividade. Nem sonhe com custo-benefício.
Conteúdo – Bem equipado, tem câmeras 360º e multimídia completo.
Vida a bordo – Não tem visual inovador como a carroceria, mas é muito confortável.
Qualidade – Usa materiais de qualidade superior e acabamento esmerado.
Texto originalmente postado: Quatro Rodas