Câmbio automático e automatizado: qual é a diferença entre eles?

Quando o assunto é transmissão de automóveis, o que não faltam são nomes e modelos diferentes. Anos atrás praticamente só se conhecia o sistema manual, com seus 3 pedais e 6 posições de marcha. Tempos depois já se podia escolher entre o câmbio manual ou automatizado. Mas hoje em dia a bola da vez são os câmbios automáticos.

Entretanto, isso não significa que os consagrados manuais ficaram para trás. Tampouco os automatizados. Cada qual tem suas vantagens, conforme veremos. E para completar, ainda existe o câmbio CVT, Dualogic, iMotion, Easytronic e de dupla embreagem.

O fim da troca de marchas de forma manual talvez não esteja tão próximo como muitos imaginam. Porém, a automatização dessa tarefa já é tendência no mercado automotivo há alguns anos, fazendo com que vejamos cada vez mais veículos dotados de diversas tecnologias.

O que muitos ainda não sabem — ou simplesmente não perceberam — é que existem sistemas diferentes de troca automática de marchas. Neste texto, você vai descobrir como cada um funciona e suas vantagens e desvantagens. 

Se você deseja atrair mais clientes na sua oficina, então estar atualizado é vital. Para isso, leia até o final o post de hoje!

Como funciona o câmbio manual?

O câmbio manual funciona com uma caixa de marchas que conta com um determinado número de velocidades, em geral, 5 à frente e 1 ré. A seleção da marcha é feita manualmente após o acionamento do pedal da embreagem, que serve para desconectar o motor do câmbio e permitir uma troca suave.

As marchas são engatadas por meio de engrenagens que são deslocadas pelo movimento direto da alavanca no interior do carro. Se não fossem as marchas, o uso do motor seria mais restrito e o consumo de combustível, maior. Isso porque a função das relações de transmissão é multiplicar e dividir a força do motor. Calma, vamos explicar melhor.

É preciso lembrar que existe a rotação do motor e a rotação final, que é transmitida do câmbio para as rodas. Quando o carro está em 1ª marcha, isso significa que o motor gira mais vezes do que a rotação final. Ou seja, a força está sendo multiplicada. Na 5ª marcha, o motor está em menor rotação do que o câmbio. Isso indica que a força é menor, mas a velocidade, maior.

Veículos com esse sistema representam a grande parte dos que estão em circulação no Brasil. Talvez a maioria dos serviços em sua oficina seja em carros com esse câmbio. Mas talvez sua maior dúvida seja com relação aos modelos automatizados e automáticos. Vamos falar sobre eles agora.

Como é o funcionamento do câmbio automatizado?

O câmbio automatizado funciona com os mesmos componentes do tradicional câmbio manual, como a embreagem e a caixa de marchas. A diferença é que, nesse sistema, existem sensores que analisam o funcionamento do motor e enviam sinais para os atuadores, responsáveis por fazer as mudanças de marchas automaticamente.

Para simplificar a ideia, é como se um robô tivesse o papel de apertar a embreagem e movimentar a alavanca da marcha. Os câmbios Dualogic, iMotion e Easytronic, mencionados no início, são sistemas automatizados da Fiat, Volkswagen e GM, respectivamente.

Para os que buscam um melhor desempenho, existe ainda o câmbio automatizado de dupla embreagem. Nesse sistema, dois discos de embreagem trabalham em conjunto, engatando as marchas seguintes e reduzindo os intervalos e os trancos na hora da troca. As marchas pares e a ré ficam sob o controle de uma embreagem e as ímpares ficam com a outra.

Além de ter um custo de aquisição menor, a manutenção de um câmbio automatizado também costuma ser mais simples e barata, já que existem peças e mão de obra em grande quantidade no mercado. Outra vantagem é que esse câmbio não causa grande impacto no consumo de combustível.

Como funciona o câmbio automático?

O câmbio automático funciona com componentes especialmente projetados para sua função. No lugar das peças de uma transmissão tradicional, esse sistema conta com dispositivos hidráulicos e módulo eletrônico. Onde normalmente fica a embreagem, há um conversor de torque. A troca de marchas acontece de acordo com critérios do próprio sistema.

Nesses sistemas a troca de marcha é praticamente imperceptível. Entre outros fatores, isso acontece devido ao conversor de torque. Essa peça faz a conexão entre o motor e o câmbio. A rotação é transmitida por meio do óleo. Quando o motor está no giro mínimo, o óleo está em baixa pressão e o carro consegue ficar parado com uma leve pressão no freio.

Isso tudo garante uma direção mais confortável, com trocas de marchas mais suaves e total liberdade ao motorista. Em contrapartida, tanto o valor de compra quanto as manutenções que envolvem o câmbio automático são mais caros quando comparamos com o modelo automatizado.

Alguns cuidados preventivos rotineiros são fundamentais para garantir o bom funcionamento do câmbio automático, como a verificação do sistema de refrigeração e a troca do fluído de transmissão. Também é importante considerar que, como as trocas de marcha são mais longas, o consumo de combustível tende a ser ligeiramente elevado.

O que é câmbio CVT?

O câmbio CVT é uma transmissão que funciona à base de um princípio diferente dos demais. Em vez de engrenagens, existem duas polias de diâmetro variável. A relação de tamanho entre elas é o que define se as rodas receberão mais força ou mais velocidade. 

Não existe um número de marchas determinado. A sigla CVT significa Transmissão Continuamente Variável. Com essa imensa possibilidade de relações de transmissão, esse câmbio favorece a economia de combustível. Por isso, boa parte dos veículos elétricos e híbridos adota esse sistema.

Quais as principais diferenças entre esses sistemas?

Embreagem

  • Manual: acionada por pedal. 
  • Automatizado: acionada por atuadores hidráulicos. Em alguns veículos, existem duas embreagens. 
  • Automático: no lugar da embreagem existe o conversor de torque.
  • CVT: há o conversor de torque.

Número de marchas

  • Manual e automatizado: normalmente 5.
  • Automático: 5 ou mais.
  • CVT: as relações de transmissão não são fixas.

Tipo de engrenagem no câmbio

  • Manual e automatizado: engrenagens com dentes helicoidais.
  • Automático: engrenagens planetárias.
  • CVT: não há engrenagens, mas sim duas polias de diâmetro variável.

Quais os pontos positivos de cada câmbio?

Manual 

  • Maior esportividade. 
  • Manutenção mais barata. 
  • Permite maior controle do automóvel.

Automatizado

  • Mais confortável do que o manual.
  • Manutenção mais simples, se comparado com o automático.
  • Preço mais acessível do que o automático.

Automático

  • Maior conforto, principalmente em longas distâncias.
  • Mudanças de marcha suaves.
  • Permite que o motorista se concentre mais no trânsito.
  • Trocas de marcha imperceptíveis.
  • Fácil operação.

CVT

  • Trocas de marcha silenciosas.
  • Melhor aproveitamento do torque do motor.
  • Proporciona excelente economia de combustível.

Quais os pontos negativos de cada um?

Manual 

  • Mais cansativo.
  • Exige mais habilidade do motorista. 
  • Consumo elevado em trocas de marchas feitas de forma inadequada.

Automatizado

  • Há um leve atraso nas mudanças, a depender do modelo.
  • Quando não é operado corretamente, acontecem alguns trancos.

Automático

  • Preço elevado, se comparado com o manual.
  • Exige manutenção especializada.
  • Consumo de combustível levemente maior.

CVT

  • Manutenção cara.
  • Exige troca regular do filtro e óleo do câmbio.
  • Apresenta dificuldade em transmitir valores de torque superiores a 35 kgfm.

Um lembrete que cabe aqui é que as desvantagens e vantagens mencionadas acima dependem muito da marca e modelo do veículo. Ademais, o modo em que o veículo é utilizado e a perícia do condutor também exercem bastante influência.

Como exemplo: o consumo de combustível de um veículo com câmbio manual pode ser bem superior ao de um automático, a depender da rotação em que a marcha é trocada. 

Como ajudar seu cliente a escolher o câmbio ideal?

Por não conhecerem as diferenças entre os tipos de transmissão automática, muitas pessoas acabam tendo dúvidas na hora da aquisição ou, até mesmo, compram algo diferente do que esperavam. Para não enfrentar problemas como esse, é fundamental conhecer bem as características de cada um deles.

E é nesse ponto que a sua oficina pode ajudar o cliente. Quanto mais você investir em capacitação pessoal e para seus funcionários, maior será a confiança depositada nos seus serviços. Aos poucos a visibilidade da sua oficina vai crescer e ela será encarada como referência na sua área de atuação.

Ao escolher um carro, é importante considerar o quanto a pessoa deseja investir e o seu perfil de motorista. Quem procura mais dinamismo, sem deixar de lado o conforto, pode preferir o câmbio automatizado, que também é mais barato e econômico. 

O câmbio automático, por sua vez, é indicado para quem busca mais conforto e segurança na hora de dirigir. Seu custo mais elevado, tanto na hora da aquisição quanto na manutenção, também deve ser considerado nessa escolha.

E para aqueles que gostam de sentir o pleno controle do carro em suas mãos, o câmbio manual ou automatizado se sairá melhor. No final das contas, não existe um câmbio melhor ou pior do que outro em sentido absoluto. Porém, existem sistemas mais adequados às necessidades e ao bolso de cada pessoa. 

Conhecer as diferenças entre os modelos de câmbio é muito importante. E como você percebeu, é fundamental não apenas para quem está pensando na compra do próximo carro, mas também para os mecânicos profissionais.